O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, denunciado pelo Ministério Público Federal ao STF Supremo Tribunal Federal, em 20.08, pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, disse em São Paulo, nesta 6ª feira, 21.08, que não vai renunciar do comando da Casa.
Durante evento promovido pela Força Sindical, Cunha afirmou que a renúncia não faz parte do vocabulário dele “e não fará”.
“Ninguém pode ser previamente condenado. Estou absolutamente sereno. Nada alterará o meu comportamento. Não adianta nenhuma especulação sobre o que vou fazer ou deixar de fazer. Não vou abrir mão de nenhum direito. Não há a menor possibilidade de eu não continuar no comando da Câmara”,
disse o peemedebista.
“Eu tenho um mandato pelo qual eu fui eleito e vou continuar exercendo até o último dia. A Câmara tem as suas decisões pela sua maioria. O presidente não é dono da Câmara e sequer consegue ser dono da pauta”,
disse após participar de encontro com sindicalistas.
Na denúncia encaminhada ao STF, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, diz que Eduardo Cunha recebeu propina por meio empresas sediadas no exterior e empresas de fachada. Na denúncia, Janot também pede que o presidente da Câmara pague U$S 80 milhões pelos danos causados à Petrobras.
Foi a primeira denúncia contra um parlamentar investigado na Operação Lava Jato. Em delação premiada, o lobista Júlio Camargo disse que o parlamentar recebeu propina de US$ 5 milhões para viabilizar a contratação de dois navios-sonda pela Petrobras ao estaleiro Samsung em 2006 e 2007.
O negócio foi formalizado sem licitação e ocorreu por intermediação do empresário Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, que está preso há nove meses em Curitiba, e o ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró.
Ontem, Cunha, por sua vez, contestou a denúncia “com veemência” e chamou de “ilações” os argumentos apresentados por Janot. Em nota, divulgada após a denúncia, Eduardo Cunha se disse inocente e aliviado.
“Fui escolhido para ser investigado e, agora, ao que parece, estou também sendo escolhido para ser denunciado”.
O peemedebista criticou o PT e o governo, a quem atribui o fato de ser alvo da denúncia.
Ele voltou a defender o fim da aliança entre PT e PMDB. "O assunto tem que ser discutido do foro apropriado e o partido já convocou um congresso para discutir esse assunto. Eu vou pregar o fim dessa aliança".